quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Bilhetes Postais manipulados

Não é raro encontrar no mercado filatélico bilhetes postais antigos com a franquia adicional que se descolou ou foi retirada. Geralmente reconhecem-se pelas marcas parciais, faltando a parte que obliterava o selo, e pela insuficiência do valor do postal para pagar o porte correspondente. Conhecendo a data de expedição e o valor da franquia em falta é até possível identificar o selo ou os selos que estavam originariamente colados ao postal.

Este bilhete postal, por exemplo, podia ter sido uma boa peça se o coleccionador tivesse dado mais importância ao postal no seu todo e não apenas ao selo (se foi ele que tirou) e à etiqueta de registo que tentou de retirar.


Bilhete postal da taxa de 10 réis registado expedido de Lourenço Marques (5 MAR 10) para Port Elizabeth (8 MAR 10). Retirada (em baixo à esquerda) a franquia adicional de 50 r. correspondente ao prémio de registo. Marca de trânsito de Johannesburg (6 MAR 10), de transporte ferroviário MIDLAND T.P.O.5 (8 MAR 10) e de chegada REGISTERED-PORT ELIZABETH (8 MAR 10)

Peças deste tipo estão sujeitas a uma forte desvalorização, o que é uma boa ocasião para os falsários poderem adquirir por poucos euros e transforma-las em peças extraordinárias ... por vezes também exagerando.
Refiro-me em particular a um bilhete postal objecto de um artigo de Steve Washburne que pode ser lido ao endereço http://home.att.net/~s.s.washburne/UseAbroad.htm  (obrigado Fernando pela dica).



Washburne  estrutura o seu artigo de um modo um pouco esquisito. Bem sabendo que o postal foi manipulado, só no fim é que fornece os detalhes determinantes ("LORENÇO" sem "U" e tinta preta em vez de azul) descrevendo inicialmente umas muito improváveis explicações do que podia ter acontecido. Talvez esteja a gozar com os que se limitam a apreciar a espectacularidade das peças sem se preocupar com os detalhes da mesma.
Apesar dos erros grosseiros do falsário, indicados por Washburne, serem mais do que suficientes para reconhecer a manipulação, vale a pena observar outros detalhes do carimbo falso, por ser útil na analise de outras peças parecidas.


"R" diferentes, sobretudo o primeiro (marca original à esquerda)


Os circulos vermelhos tem o mesmo diâmetro (328 pixel); o falsário errou a curva no ponto assinalado pela seta


Não se explica porque nestas áreas não haja qualquer vestígio de tinta mesmo que, como na marca original, a cor não seja muito intensa


Não é uma prova definitiva, mas é habitual que haja uma interrupção das linhas do carimbo ao passar do selo ao suporte. Quando não há é possível que o selo foi sobreposto à marca

sábado, 26 de dezembro de 2009

Havia camelos em Moçambique?

Quem não fez algum comentário sobre os selos de 1901 da Companhia do Nyassa com os camelos (dromedários) como motivo? "...as seis (taxas) mais elevadas (ostentam) dois camelos, o que demonstra uma ignorancia da fauna dos territórios da companhia, porque alí não há camelos" escrevia por exemplo Carlos George.



Mas será que não havia mesmo camelos em Moçambique? Certamente não como fauna autoctone e provavelmente não no Nyassa em 1901, mas em Tete em 1910 ...


do Relatório de 1910 do director dos Correios e Telegraphos do distrito de Tete

Os camelos até podiam ter tido (ou tiveram?) um papel importante no transporte dos correios se a experiencia deu bons resultados ... e iam custar somente um "litro" de sal  por semana!
Curiosamente o director propunha a compra de uma fêmea adulta e de uma cria, exactamente os que aparecem nos selos do Nyassa.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

MT & MTn

A partir de 1 de Julho 2006 até 31 de Dezembro do mesmo ano estiveram em circulação em Moçambique duas moedas: o "Metical" (MT ou MZM) e o "Metical da Nova Família" (MTn ou MZN), sendo 1 MTn equivalente a 1.000 MT.

Durante este período, e mesmo alguns meses antes, era obrigatório indicar em ambas as moedas os preços de qualquer produto ou serviço, incluindo portanto também os selos.

O primeiro selo emitido com a taxa expressa nas duas moedas foi o selo comemorativo do 25º Aniversário das Telecomunicações de Moçambique.


25º Aniversário da TDM
Data de emissão: 10 de Junho 2006
Taxa: 8.000 MT-8,00 MTn

Em Agosto o mesmo selo foi posto à venda nos correios mas com a sobretaxa de 33.000 MT/33,00 MTn.


25º Aniversário da TDM
Data de emissão: Agosto 2006
Sobretaxa 33.000 MT-33,00 MTn sobre 8.000 MT-8,00 MTn

No mês de Setembro e Outubro foram postos a circular mais dois selos com sobretaxa.


Mineráis: bauxite (emissão de 2004)
Data de emissão: Setembro 2006
Sobretaxa 33.000 MT-33,00 MTn sobre 5.000 MT


Aves: Larosterna inca (emissão de 2003)
Data de emissão: Outubro 2006 (?)
Sobretaxa 33.000 MT-33,00 MTn sobre 10.000 MT

Em Outubro 2006 é emitida uma série de 3 selos com a taxa expressa unicamente em MTn, em contradição com o disposto no Art. 1, alinha 4, do Decreto 55/2005 sobre a obrigatoriedade da dupla indicação dos preços.


Iniciativa Presidencial de Combate ao HIV/SIDA
Data de emissão: 9 de Outubro 2006
Taxas: 8,00 MTn, 16,00 MTn e 33,00 MTn

A partir de 1 de Janeiro de 2007 é retirada da circulação a anterior moeda e o Metical da Nova Família passa a ser designada apenas por Metical (MT).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Os selos de correio aéreo da Companhia de Moçambique

Os catálogos costumam colocar no capítulo dos selos de Correio Aéreo as duas séries emitidas em 1935 pela Companhia de Moçambique.

A primeira série, composta por 10 selos de forma triangular, circulou de 1 de Outubro 1935 até 31 do mesmo mês.



A segunda, composta por 15 selos de forma rectangular e com o mesmo motivo (um avião sobrevoando a cidade de Beira), foi emitida no dia 1 de Novembro de 1935 e esteve em circulação até a extinção da Companhia.



Apesar do motivo dos selos, a primeira emissão não deveria ser considerada como de correio aéreo (uso exclusivo em correspondência enviada por via aérea) mas apenas como comemorativa da inauguração do correio aéreo, assim como especificado nos próprios selos e na Ordem do Governo do Território da Companhia que determina a entrada em circulação dos mesmos.

Bem diferente é a descrição da segunda série que consta na Ordem de entrada em circulação: "Tendo sido autorizada a emissão de uma série de selos especiais para franquia da correspondência avião ...". A especificidade destes selos reflecte-se na legenda «CORREIO AÉREO» ausente nos selos da primeira emissão.

Apesar de os primeiros selos serem adaptos para franquear também correspondência circulada por via terrestre ou maritima, não devem ser muitas as peças conhecidas que viajaram por estas vias. É razoável porém pensar que, devido à novidade e ao motivo dos selos, estes foram utilizados quase unicamente para correspondência expedida por via aérea.

A carta mostrada a seguir não é uma demonstração segura de circulação por via superfície, pois não apresenta qualquer marca de transito ou de chegada e é claramente filatélica (mas quantas serão as cartas franqueadas com os selos triangulares que não são filatélicas?), mas a franquia de 3$75 (a inteira série de 10 selos + um selo de 20 c.) corresponde correctamente ao porte, em vigor na altura, de uma carta registada até 20 gr. com destino ao estrangeiro.


Carta registada de Beira (16 OUT 35) para Liverpool (sem marca de chegada) com franquia de 3$75

É curioso ver como uma inteira série de 10 selos não era suficiente para cobrir o custo de uma simples carta registada.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma carta filatelica de 1929

O cunho filatélico da carta é evidente mas é possível que o remetente quis colar no sobrescrito todos os selos que estavam disponíveis nos correios (a menos que não os tinha em casa) e que tinham ainda validade, o que é sempre uma informação útil no âmbito da história postal.


Carta remetida de Beira (12 MAI 29) para Suiça (4 JUN 29) franqueada com 16 selos diferentes perfazendo 1$99,75

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Alteração da cor da tinta dos carimbos

Não é um truque mas uma alteração natural da tinta que de preta passa a ser vermelha nos selos. Provavelmente neste caso os elementos químicos da tinta do carimbo reagiram com os do papel dos selos.



Mais um exemplo no qual a alteração ocorreu também na parte batida no sobrescrito

Cor da tinta original


 
Cor da tinta alterada

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Moçambique, evolução da toponimia 1974-1987


Autor: Fernando Pililão
Título: Evolução da toponimia e da divisão territorial 1974-1987
Edição: 1989, Universidade Eduardo Mondlane - Maputo
Páginas: 128

domingo, 22 de novembro de 2009

Um selo que ainda não existe

22 de Novembro de 2000
O jornalista Carlos Cardoso foi assassinado


(retrato de Carlos Cardoso de ForEver Pemba)

sábado, 21 de novembro de 2009

Um porte, uma carta: 80 c.

Porte simples de uma carta com destino a Portugal, Ilhas e colónias portuguesas (de 1/6/1924 a 30/6/1930)


de Inhambane (18/7/1930) com destino a Portugal (AGO 1930). Carta presumivelmente franqueada pelo remetente desconhecendo a redução do porte a 70 c. entrado em vigor em 1/7/1930. 

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Sobrecarga antonina de Inhambane

Portaria 164 de 28 de Junho 1895
"Tendo sido autorizado por Sua Excelência o Conselheiro Comissário Régio, uma sobrecarga nos selos postais, em virtude da proposta da comissão de festas de Santo António, em Moçambique, que assim pretende comemorar o Glorioso Thaumaturgo portuguez, e havendo-se-me comunicado que em Lourenço Marques a emissão dessa sobrecarga estava já realizada:
No uso da faculdade que me confere o decreto provincial nr.5 de 19 de Janeiro último e dos telegramas do mesmo Ex.mo Senhor de 18 e 25 do corrente mês que me autorizam a regular a referida emissão, hei por conveniente determinar o seguinte :
1º - A sobrecarga nos selos postais desta província autorizada por Sua Excelência o Conselheiro Comissário Régio, para comemorar o Centenário de Santo António, será a tinta vermelha nos selos de 5 reis e a tinta preta nos das restantes taxas, e constará da seguinte legenda impressa no sentido diagonal da esquerda para a direita e de baixo para cima "1195 CENTENÁRIO ANTONINO 1895".
2º - A sobrecarga a que esta portaria se refere será feita nos selos da emissão anterior à actual e até à importância de reis 21.000$000.
3º - Os selos com a sobrecarga comemorativa de que trata o número anterior, serão adoptados para a franquia postal unicamente nos distritos de Moçambique, Zambézia e Inhambane e durante os meses de Julho e Agosto, não sendo permitido durante esse período e nos referidos distritos, a franquia postal com selos d’outras emissões ou sobrecargas.
4º - No dia 1º de Setembro próximo futuro cessará a franquia postal com os selos da sobrecarga de que trata esta portaria, e restabelecida a franquia postal anterior.
As autoridades e mais pessoas a quem o conhecimento d’esta competir assim o tenham entendido e cumpram."

Assim como evidenciado por Carlos Kullberg no artigo «Sobrecargas antoninas de Moçambique», a partir do qual transcrevi a portaria, há umas evidentes contradições entre esta e as sobrecargas antoninas de Inhambane. Aparentemente os selos previstos para circularem neste distrito tinham que ser unicamente os com sobrecarga imprimida diagonalmente cuja circulação estava autorizada unicamente nos distritos, além de Inhambane, de Moçambique e Zambézia, não havendo qualquer referência a uma anterior emissão se não à de Lourenço Marques ("... havendo-se-me comunicado que em Lourenço Marques a emissão dessa sobrecarga estava já realizada ...).

Terá a comunicação erradamente omitido que já estava realizada também a sobrecarga de Inhambane? É um facto que, ao contrário do disposto pela portaria, também selos da série em circulação (D.Carlos I - Neto) foram objecto da sobrecarga assim como aconteceu com a sobrecarga de Lourenço Marques, e que a composição gráfica das sobrecargas de Lourenço Marques e de Inhambane é substancialmente igual, o que deixa pensar que possam ter sido aprontadas ao mesmo tempo.



Qualquer que seja o estatuto destas sobrecargas (autorizadas ou não), é notória a existência de uma sobrecarga de Inhambane diferente e, portanto supostamente falsa. É fácil de identificar observando a distância entre "Inhambane" e "MDCCCXCV", e não só.
Confrontando, por exemplo, as sobrecarga destes dois selos:




1 - distância entre a base de "Inhambane" e o topo de "MDCCCXCV": 1,5 mm (sobrecarga genuina) e cerca de 2,5 mm (sobrecarga falsa).
2 - altura geral da sobrecarga: 21 mm (genuina) e 22 mm (falsa)
3 - distância entre o serife do S e o vertice do A de S. ANTONIO levemente maior na sobrecarga falsa (é o ponto que está mais afastado do S)
4 - a recta tangente ao "C" de "CENTENARIO" corta o "S" de S. ANTONIO" mais centralmente de quanto o faça na sobrecarga falsa.
_______________

A sobrecarga de Inhambane, assim como as de Lourenço Marques e Moçambique é tipográfica. Para a sobrecarga de Moçambique recorreram a diferentes composições e fases de impressão para sobrecarregar os 28 selos da folha (ver artigo de Carlos Kullberg). Não sei qual foi a razão mas deve ser ou por não haver possibilidade de compor uma chapa das dimensões da folha ou por não ter um número suficiente de caracteres tipográfico para compor os 28 clichés duma só vez.

Terá acontecido o mesmo com as sobrecargas de Inhambane e Lourenço Marques?

O amigo Nuno ("filata" no fórum do http://www.selos-postais.com/) teve a gentileza de me enviar a imagem de uma magnifica peça da sua colecção: uma folha quase inteira da taxa de 300 r. de Inhambane com a sobrecarga do centenário. 



Possivelmente uma tira de 4 selos bordo inferior, peça igualmente da colecção do Nuno, é a parte que falta para completar a folha de 28 selos.



O conjunto das sobrecargas do bloco superior de 16 selos da folha parece estar  levemente desalinhado com o bloco inferior de 8 (e portanto de 12 se a folha estivesse completa), como é de esperar no caso de impressão em duas fase (16+12). A distância vertical entre as sobrecargas, porém, é sempre igual, (régua não em escala), o que pelo contrário faz pensar numa única fase de impressão.


domingo, 15 de novembro de 2009

Eduardo Chivambo Mondlane

Taxa: 33,00 MT
Data de emissão: 20/06/2009
Tiragem: 30.000 selos
Perfuração: 12
Impressão: offset

O selo foi oficialmente emitido no dia 20/6/09 mas a venda ao público começou somente em Outubro. À origem do atraso está um erro técnico evidenciado apenas na fase de picotagem. Ao compor a folha houve um engano de cerca de meio milímetro, verticalmente e horizontalmente, no espaçamento de cada vinheta tornando-o desfasado em relação ao perfurador de pente que foi usado. O descentramento progressivo dos selos era inevitável.


sábado, 14 de novembro de 2009

Campanha de Gaza, por Mousinho de Albuquerque

Relatório da Campanha de Gaza de Mousinho de Albuquerque



Mousinho de Albuquerque e as batalhas que o viram protagonistas foram motivo de comemoração filatélica em duas ocasiões: em 1930-31 com a emissão de uma série de 7 selos e em 1956 com a emissão de 2 selos comemorativos do centenário do seu nascimento (1855).



 

Quem estiver interessado no relatório completo (foto digital) de Mousinho de Albuquerque pode me contactar por email.

Estação postal urbana n. 11

Carimbo circular da estação  postal urbana n. 11 de Lourenço Marques datado 23 ABR 1976, cerca de 10 meses após a Independência de Moçambique. O uso deste carimbo é conhecido em tempo colonial (1974) [1].



Da mesma estação, carimbo quadrado datado 3 AGO 1976. Também este carimbo começou a ser utilizado no últimos anos do regime colonial (1972-1975) [1].



[1] Altino Silva Pinto, "Marcofilia de Moçambique - 1875/1975"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Um porte, uma carta: 96 c.

Bilhete postal com destino ao estrangeiro (de 1/6/1924 a 30/6/1930)


de Lourenço Marques (MAR 1929) a Calcutta-Índia (15/4/1929)

domingo, 8 de novembro de 2009

Delagoa Bay, um topónimo que tardou a desaparecer



O título da mensagem é propositadamente o mesmo que Jorge Luís P. Fernandes deu a um parágrafo do seu artigo «As Alterações toponímicas e os carimbos dos correios - XXV - Quando se chamava "Delagoa Bay" a Lourenço Marques», pois adiciona-lhe uma informação.

Que o topónimo tardou a desaparecer o demonstra esta carta enviada de Harta (Aústria) em 7/3/1913 para a Delagoa Bay Agency Co, Ltd sediada em ... Delagoa Bay, claro.



Pena é que a carta não apresente qualquer marca de chegada a Moçambique, mas apenas uma de trânsito de Paris datada 10/3/1913 ...



... e sobretudo que não apresente uma marca ou anotação dos correios de Moçambique que esclareça se a carta foi retirada da distribuição e devolvida ao remetente ou que tenha tido outro destino. É o que podia ter acontecido uma vez que os correios podiam não se responsabilizar pela sua regular distribuição, como previsto no Aviso da Repartição Superior dos Correios e Telégrafos transcrito na ordem de serviço n. 516 de 1 de Setembro de 1908 (BCTT n. 27 de Setembro de 1908).



Segundo o aviso, a distribuição das cartas com endereço Delagoa Bay no lugar de Lourenço Marques ia ser garantida ainda por um período de um ano, passado o qual os correios já não se iam responsabilizar pela sua entrega. A OdS porém esclarece que não ia haver qualquer alteração na distribuição das correspondências até não transmitir instruções espécificas. Estas instruções foram depois dadas?

sábado, 7 de novembro de 2009

Boletim do Arquivo Histórico de Moçambique - Cidade da Beira


CIDADE DA BEIRA
Boletim do Arquivo Histórico de Moçambique n. 6 especial
Outubro de 1989
402 páginas


Artigos
Manuel J.C. de Lemos, «Aruângua, Chiveve ou Bângoè? Breves considerações sobre a toponímia da cidade da Beira»
Gerhard Liesegang, «Sofala, Beira e a sua zona»
Inês Nogueira da Costa, «No centenário da Companhia de Moçambique, 1888-1988»
António Sopa, «Condições de habitabilidade numa pequena povoação costeira da África Austral, 1892-1925»
Mário Pinto de Andrade, «Proto-nacionalismo em Moçambique. Um estudo de casos: Kamba Simango (c. 1890-1967)»
Gulamo Tajú, «D.Sebastião Soares de Resende, Primeiro Bispo da Beira: Notas para uma cronologia»
José Capela, «Para a história do Diário de Moçambique»
Alexandrino José, «Beira: Lembranças da cidade colonial»
Kathleen Sheldon, «Mulheres trabalhadoras na Beira»
Armando Rosinha, «Alguns dados históricos sobre o Parque Nacional da Gorongosa»
Aniceto dos Muchangos, «Aspectos geográficos da cidade da Beira»
Isaías Muhate, «Alguns aspectos do retrato histórico e perspectivas do porto da Beira»
David Beach, «Fontes para a história de Manica e Sofala no Arquivo Nacional do Zimbabwe»
Pedro Roque, «Para um conhecimento bibliográfico da cidade da Beira»

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

As folhas D.Carlos I (Mouchon) com legenda na margem - Um novo achado

Outras mensagens sobre o argumento
As folhas D.Carlos I (Mouchon) com legenda na margem - Parte I 
As folhas D.Carlos I (Mouchon) - Parte II

Recentemente adquiri esta folha do selo da taxa de 100 r. D. Carlos I (Mouchon).



Na margem superior são visíveis vestígios da legenda da margem inferior do painel de 28 selos contiguo.



Os traços são compatíveis com as letras "Ç" e "Q". Uma reconstrução gráfica permite afirmar que a legenda na margem da folha superior é MOÇAMBIQUE.



Além de Inhambane-Angola assim agora conhecemos o par MOÇAMBIQUE-LOURENÇO MARQUES existindo evidentemente folhas com a legenda MOÇAMBIQUE em letras maiusculas na margem inferior.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Movimento postal do distrito de Inhambane - 1911/1917


Fontes:
  • Relatório do Governador do Distrito de Inhambane de 1911/1912. Mapa comparativo do movimento postal e telegráfico e seu rendimento nas diferentes estações de Inhambane no anno de 1911/1912.
  • Relatório do Governador do Distrito de Inhambane de 1917 (edição da Universidade de Coimbra, 1920). Mapa do movimento postal no trienio de 1915-17.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A economia e a expansão das redes telegráficas ...


 Autor: Simão Jaime
Título: A economia e a expansão das redes telegráficas
e telefónicas no Território de Manica e Sofala, 1892 a 1942
Edição: Promédia, Maputo 2003
Páginas: 110

domingo, 1 de novembro de 2009

As folhas D.Carlos I (Mouchon) - Parte II

Carlos George, no seu artigo "Os selos da Companhia de Moçambique, tipo Elefantes" escrevia:

"Os selos, que nós só conhecemos em folhas de 28 selos, eram impressos em folhas grandes que levavam quatro "quartos" de 28 selos cada um."

É razoável pensar que, sendo os selos Elefantes imprimidos e perfurados na Casa da Moeda, assim como os D.Carlos I (Mouchon) analisados na primeira parte destas minhas reflexões, tenham sido utilizadas as mesmas máquinas de perfurar. Por esta razão pode-se dizer que a afirmação de Carlos George é só parcialmente verdadeira, pois os selos Elefantes com denteado 12½ e 13½  foram picotados com um perfurador de grade, e os com denteado 11½ com um perfurador de pente. Este último é o único usado para perfurar os selos imprimidos em folhas grandes com quatro "quartos". Não tenho porém suficientes peças - nem encontrei muitas imagens na net - dos selos tipo Elefantes por analisar e poder confirmar, do mesmo modo como foi feito com os selos de Lourenço Marques, se foram imprimidos em quatro painéis  de 28 selos cuja característica principal é de ter 3 margens perfuradas. É possível que não existam tendo em conta que os selos Elefantes com denteado 11½ foram emitidos somente a partir de 1902, altura em que provavelmente já se utilizava (ou voltou a ser utilizado) um outro tipo de perfurador.

As folhas imprimidas em quatro "quartos" identificadas nos selos de Lourenço Marques e outros distritos foram distribuídas em folhas de 28 selos com as características que se podem ler no desenho a seguir onde os pontos grossos representam os furos "de chamada" (existem também folhas do mesmo tipo mas sem furos de "chamada", argumento a ser tratado numa outra altura).



Folhas tipos 1a e 1b D.Carlos I (Mouchon de L.Marques)



Folha tipo 2a D.Carlos I (Mouchon) de Macau (foto de um leilão P.Dias)


A impressão em folhas de quatro "quartos" começou antes da emissão D.Carlos I (Mouchon). Lendo com mais atenção o catálogo Simões Ferreira é possível estabelecer o ano em que se deu inicio à impressão em folhas grandes coincidindo com a utilização do perfurador de pente 11½. Os primeiros selos de Portugal denteados 11½ são de 1886, mais exactamente os com legenda "JORNAES", para os quais o autor do catálogo especifica que tais selos foram imprimidos em folhas de 150 (15x10) a partir desse ano. A seguir todos os selos que apresentam o picotado 11½ são sempre associados à impressão em folhas de 150 selos :D.Luis I, de frente; D. Luis I, de frente, novos valores; D. Carlos I (Neto); D.Carlos I (Mouchon).
Não é possível porém para mim confirmar se estes selos foram sempre imprimidos em folhas grandes de 150 selos ou se foram imprimidos em 4 "quartos" para obter 4 folhas de 28 selos, assim como foi feito com os selos Mouchon das colónias ou, segundo C.George, com os selos Elefantes da Companhia de Moçambique. Certamente já entre 1893 e 1898, ano de emissão dos primeiros selos Mouchon para as colónias, que substituíram os selos Neto, já se imprimiam folhas do tipo 2, pois conhecem-se folhas deste tipo dos selos, por exemplo, de Lourenço Marques.


Folhas tipo 2a e 2b D.Carlos (Neto) de L.Marques

Pode-se concluir que:
1. a impressão em folhas grandes dos selos das colónias (não necessariamente ao mesmo tempo e em folhas dos 2 tipos para todas as colónias) separados em quatro "quartos" deve ter começado já durante o período de validade dos selos D.Carlos I (Neto), entre 1893 e 1898, e continuado com a impressão dos selos D.Carlos I (Mouchon) de 1898 para diante, com e sem legenda nas margens. 
2. não houve para as colónias a impressão em folhas grandes de 150 selos como aconteceu com os selos de Portugal.

Mas no caso dos selos da Companhia de Moçambique, foram impressos em folhas grandes de quatro "quartos" ou meias folhas de dois "quartos"?

A seguir à frase já transcrita, Carlos George escreve:

"Mas havia também meias folhas, de dois "quartos" e é minha suposição que estes selos da Companhia de Moçambique eram impressos em meias folhas ..."

A suposição de Carlos George encontra confirmação num outro tipo de perfurador utilizado para picotar as folhas dos selos D.Carlos I (Mouchon) (analise sempre limitada por enquanto às folhas que apresentam os furos "de chamada"):



 
Folhas do tipo 3a e 3b D.Carlos I (Mouchon) de Lourenço Marques

As folhas tipo 3b foram perfuradas aparentemente com um perfurador diferente apresentando o pente com uma orientação invertida. Na realidade trata-se do mesmo perfurador com o qual se perfuraram as folhas colocada direitas ou viradas de 180°. A ausência de perfuração na margem oposta à com os furos "de chamada" é indicador que o comprimento do pente era limitado a 7 selos ou seja que não havia, como no caso das folhas tipo 1 e 2, outros "quartos" contíguos verticalmente. A presença da perfuração nas margens laterais, assim como demonstrado para as folhas imprimidas em quatro "quartos", demonstra pelo contrário a impressão de painéis contíguos horizontalmente.

Consequentemente pode-se afirmar que:

1. ou a impressão era feita imprimindo apenas 2 "quartos" em meias folhas grandes, a seguir perfurados colocando as meias folhas no perfurador, umas vezes direitas e outras vezes viradas de 180°, e sucessivamente guilhotinadas para obter as folhas de 28 selos.

2. ou a impressão era feita em folhas grandes de 4 "quartos", guilhotinadas em meias folhas de 2 "quartos" e finalmente perfuradas colocando uma das duas metades de modo direito no perfurador e a segunda invertida.

3. ou impressão era feita em folhas grandes de 4 "quartos" e perfuradas antes de ser guilhotinadas. A perfuração era feita em dois «quartos» e, depois de ter virado as folhas, nos outros 2 «quartos». Provavelmente é a hipótese mais plausível sendo neste caso obrigatório e não casual virar as folhas de 180°. (acrescentado em 10/11/2009)

Também os selos D.Carlos I (Neto) foram imprimidos em folhas tipo 3 colocando assim o inicio do uso do relativo perfurador entre 1893 e 1898 e um sucessivo uso até pelo menos 1910, ano de impressão dos selos D. Manuel I.


Folha tipo 3a D.Carlos I (Neto) de L.Marques (foto de um leilão P.Dias)


Folha tipo 3a D.Manuel I de Moçambique

E por fim, demonstrando quanto escreveu C.George, a Companhia de Moçambique emitiu os selos Elefantes denteados 11½ a partir de 1902 imprimidos em folhas tipo 3.


Folha tipo 3b Elefantes da Companhia de Moçambique (foto de um leilão P.Dias)