segunda-feira, 26 de outubro de 2009

"«Correios» 1½ c." sobre 5 c. Taxa de Guerra

As portarias 1.341 e 1.385, publicadas no Boletim Oficial de Moçambique, respectivamente de 15 de Novembro 1919 e 3 de Janeiro de 1920, autorizaram a sobrecarga "Correios 1½ c." sobre selos da Taxa de Guerra de 5 c., assim como "Correios 1 c." sobre selos de 1 c. sempre da Taxa de Guerra.
Com a primeira portaria foi determinada a impressão da sobretaxa de 1½ c. sobre 100.000 selos, além dos 150.000 selos com sobretaxa de 1 c., "por serem necessários para completar os portes de 6 e 4 centavos estabelecidos por Decreto 5.839 de 31 de Maio de 1919" entrado em vigor no dia 3/9/1919. É curioso como se preferiu atribuir uma sobretaxa para completar uns portes e não sobrecarregar directamente os selos com as taxa de 4 e 6 c.
A segunda portaria determinou a sobrecarga sobre mais 600.000 selos, tendo achado evidentemente insuficientes os primeiros 100.000 exemplares.

Para a impressão foi encarregada a  Imprensa Nacional de Lourenço Marques que interpretou a seu modo quanto escrito na primeira portaria. Assim as aspas utilizadas para destacar os dizeres «Correios» «1½ c.» (assim no texto) foram consideradas como parte da sobrecarga exigida. Tão estranha deve ter parecido esta exigência que na Imprensa Nacional optaram para por entre aspas apenas a palavra Correios, pois devem ter pensado ser bastante bizarro por entre aspas também a taxa 1½ c.



A sobrecarga foi imprimida compondo uma chapa de 25 clichés uma vez que as folhas de 100 selos  vinham já separadas em 4 quartos. Cada cliché é, com mais ou menos evidência, diferente dos outros. Destacam-se alguns, entre os quais: 

Posição 12
Ponto entre "C" e "O" de "CORREIOS" (possível deformação do "O")


Posição 14
Primeiro"R" defeituoso e "1" sem serifes na base


Posição 16
"c." fechado (esta é a única variedade citada no catálogo Simões Ferreira)


Posição 25
"CORREIOS" e "1½ c." desalinhados com "½" ainda mais baixo

domingo, 18 de outubro de 2009

António Cabral - "Dicionário de nomes geográficos de Moçambique"



Autor: António Cabral
Título: Dicionário de nomes geográficos de Moçambique
Lourenço Marques 1975
Páginas: 180

sábado, 10 de outubro de 2009

Os selos em uso no distrito de Gaza

O distrito de Gaza, ao contrário dos restantes distritos da Província de Moçambique, nunca teve selos próprios por se tratar inicialmente de um distrito militar, a seguir extinto com a reorganização administrativa da província de 23 de Maio 1907 e integrado no distrito de Lourenço Marques.
Somente em 1918 com Decreto 3762 de 21/1/1918 é finalmente criado o distrito de Gaza com sede na vila de Chai-Chai e com uma área que compreendia as circunscrições de Chai-Chai, Chibuto, Machopes, Bilene e Guijá. O ano 1918 era demasiado tarde para o distrito beneficiar da última emissão de selos específicos para os distritos (emissão Ceres de 1914).

A supressão do distrito militar de Gaza e a sua integração no distrito de Lourenço Marques teve uma importante consequencia filatélica. Apesar do atraso de mais de um ano, a direcção dos correios com ODS n. 438 de 1/8/1908 comunica que:

"deixaram de circular no extincto districto militar de Gaza os sellos de franquia postaes com os dizeres Moçambique, achando-se actualmente alli em circulação os de Lourenço Marques."

razão pela qual podemos encontrar selos de Moçambique ou de Lourenço Marques obliterados com marcas de dia iguais e da mesma localidade dependendo apenas do ano de uso, como é o caso destes dois selos:

Selo com legenda Moçambique obliterado com carimbo hexagonal de Chibuto datado 10 DEZ 06


Selo com legenda Lourenço Marques obliterado com o mesmo carimbo de Chibuto datado 21 NOV 11

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Coroa da Índia com denteado falso

Apesar de não ser um selo de Moçambique, achei oportuno comentar este selo (à venda no próximo leilão do Clube Filatélico de Portugal de onde retirei a imagem) por se tratar de um tipo de falsificação à qual pode estar sujeito um qualquer selo. O selo é descrito como tendo o denteado deslocado (mas seria melhor defini-lo "denteado duplo", se fosse original).



Qual era o estado original do denteado horizontal inferior não é dado saber. Podia estar nessas condições - e o falsário achou melhor dar valor a um selo estragado - ou o denteado estava intacto e o estrago foi propositadamente feito por ele. E com razão ... do ponto de vista dele e do seu parcial conhecimento das ferramentas de perfuração. É evidente que o falsário quis simular uma dupla batida do pente, com a segunda batida deslocada horizontalmente de alguns milímetros. Com o pente orientado como um E deitado o resultado de facto seria uma dupla perfuração bem distinta no lado vertical e uma perfuração danificada no lado inferior (os furos das duas batidas dificilmente coincidiriam).
O problema (e foi o pormenor que traiu o falsário) é que estes selos foram picotados com um perfurador de grade. A dupla batida ia afectar todos os lados do selo incluindo o lado superior que teria que se encontrar numa condição parecida (não idêntica sendo a perfuração irregular) à do lado inferior.

E se estivesse enganado e estes selos Coroa foram denteados com um perfurador de pente, por quanto pouco provável possa ser? Ou, confirmando o perfurador de grade e por quanto improvavel possa ser, se no lado superior os furos das duas batidas coincidiram perfeitamente? Nestes casos continua havendo algo que não quadra. Por quanto irregular possa ser a perfuração, uma dupla batida gera dois picotados identicos qualquer que seja a ferramenta usada. As duas perfurações verticais do lado direito do selo em questão teriam que ser perfeitamente iguais. Uma ampliação de uma parte do selo e os traços tangentes ao primeiro furo mostram as diferenças.



O denteado vertical interno é ao meu ver falso!

sábado, 3 de outubro de 2009

Erros das sobrecargas da Independência

Importantes informações sobre esta emissão podem ser lidas no artigo de Carlos Kullberg "República de Moçambique - Sobrecargas INDEPENDÊNCIA". O artigo pode ser lido aqui.
Kullberg no mesmo artigo mostra alguns erros de impressão das sobrecargas aos quais acrescento alguns (dos tantos que devem existir).

Selo de 1$ da série "Campeonato Mundial de Vela"
Sobrecarga dupla, deslocada verticalmente e decalque (mesmo selo)
 



Selo de 3$ "XX Jogos Olímpicos"
Sobrecarga deslocada verticalmente

Sobrecarga deslocada horizontalmente e verticalmente


Selo de 7$50 da série "borboletas de Moçambique"
Sobrecarga deslocada verticalmente e horizontalmente


Decalque da sobrecarga


Mais interessantes e mais valiosos porém são, em minha opinião, os erros ou variedades de sobrecarga ocorridos não na fase de impressão, como é o caso dos exemplos anteriores que podem ser considerados ocasionais, mas causados por uma errada composição da chapa de impressão. Os erros assim gerados se encontram sempre na mesma posição ou em todas as folhas. Deste tipo de erros há alguns quase insignificantes e que se repetem mais vezes na mesma folha como por exemplo a rotura do segundo traço vertical do terceiro "N" de "INDEPENDÊNCIA". Outros pelo contrário são mais evidentes e ocupam uma única posição na folha.

Selos de $40 e 7$50 da série "Borboletas de Moçambique"
Arabesco incompleto - Posição 77 da folha 10x10



Selo de 1$ da série "Campeonato Mundial de Vela"
Sobrecarga incompleta - Posição 75 da folha 10x10


Selo de 3$ "XX Jogos Olímpicos"
Arabesco partido- Posição 78 da folha 10x10



Selo de 3$ da série "Campeonato Mundial de Vela"
Grosso ponto por baixo do "5" de "75" - Posição 84 da folha 10x10