sábado, 10 de julho de 2010

Marca obliteradora do Comando Militar do Aruângua

Luís Frazão no artigo "A marca postal do Comando Militar do Aruângua - Os primórdios do correio na Beira" (Boletim do Clube Filatélico de Portugal n. 414) demonstra como o carimbo mudo circular e com três barras foi utilizado como obliterador na correspondência entregue, para a transmissão, ao Comando de Aruângua, cuja instalação, datada 1887, progrediu até formar a vila de Beira, futura capital dos Territórios de Manica e Sofala governados,durante 50 anos a partir de 1892, pela Companhia de Moçambique.

Carimbo mudo circular com três barras atribuído ao Comando Militar de Aruângua

A prova, que levou Luís Brito Frazão a descartar a inicial hipótese que o carimbo pertencesse a Macequece, é uma carta destinada a Estremoz, franqueada com um selo de 50 réis obliterado com a marca muda. Na carta foi aposta, além da marca de trânsito de Chiloane de 7/6/1890, a marca do Comando Militar, identificando assim a sua origem postal.

O selo a seguir pode porém dalguma forma contradizer esta conclusão, apesar de não ser obviamente determinante.


A marca, em tinta violeta, da mesma cor do selo, é pouco visível, mas uma simples alteração, feita ao computador, da luminosidade e do contraste da imagem, permite identificar melhor quase todas as letras da legenda inscrita no elipse de linhas duplas: _RUAN_U_. Confrontando a marca (curva do elipse e simetria) com a que foi batida na carta que ilustra o artigo de Luís Frazão, não há qualquer dúvida, é a marca do Comando Militar de Aruângua.


Luís Frazão num outro interessante artigo ("Sobre a utilização postal de marcas administrativas no ultramar, em finais do século XIX" - Boletim do Clube Filatélico n. 408) propõe duas hipóteses a justificar a existência de selos postais obliterados com carimbos administrativos (militares, alfandegários ou da Administração Civil):

1 - Utilização sistemática durante um período limitado no tempo, enquanto se aguardava o envio da competente marca postal.
2 - Utilização pontual por motivos que se desconhecem, mas que terão a ver com a impossibilidade de utilizar uma marca postal.

Aparentemente está excluído o uso de selos postais para fins fiscais, pelo que se apresentam três opções que justificam a obliteração do selo aqui mostrado:

1 - O Comando militar ainda estava desprovido de carimbo postal tendo utilizado o carimbo administrativo até receber o carimbo mudo. 
2 -  Por motivo que desconhecemos, o carimbo administrativo foi ocasionalmente utilizado no lugar do carimbo mudo.
3 - O Comando Militar de Aruângua não dispunha de carimbo postal (carimbo mudo) e a carta para Estremoz foi enviada a partir de uma outra localidade.

A terceira hipótese obriga a uma analise mais atenta da carta em questão no que concerne a cor e a qualidade da tinta do carimbo mudo comparadas com as do carimbo militar.

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Nota: 
O artigo "A marca postal do Comando Militar do Aruângua - Os primórdios do correio na Beira"de Luís Frazão pode ser lido na versão online do Clube Filatélico de Portugal ao seguinte endereço (o acesso é porém restrito aos sócios do Clube): http://www.cfportugal.pt/index.php?option=com_content&view=category&id=30:boletim-no-414&Itemid=42&layout=default
O artigo "Sobre a utilização postal de marcas administrativas no ultramar, em finais do século XIX" do mesmo Autor é acessível ao endereço http://www.cfportugal.pt/index.php?option=com_content&view=category&id=24:boletim-no-408&Itemid=15&layout=default

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