sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

1926 - Bilhetes Postais da Companhia de Moçambique

O Decreto 9.613 de 23 de Abril de 1924 determinou a mudança dos portes para a correspondência com destino a Portugal, Ilhas e colónias portuguesas, e ao estrangeiro, devendo entrar em vigor no dia 15/5/1924. Nos territórios administrados pelo Estado, todavia, os novos portes entraram em vigor apenas em 1/6/1924 segundo as Ordens de Serviço da Direcção dos Correios e Telegráfos n. 69 e 70 de 19/5/1924, enquanto o mesmo decreto foi publicado no Boletim da Companhia de Moçambique apenas em 16/6/1924.
Por efeito do decreto (e do n. 11.096 de 22/9/1925), o porte dos bilhetes postais passou a ser de 48 c. se destinados a Portugal, Ilhas e colónias, e 96 c. se destinados ao estrangeiro.
A preparação dos novos bilhetes Postais e o seu envio para Beira, porém, tem demorado bastante e somente em 21/4/1926 uma Ordem do Governador dos Territórios da Companhia de Moçambique informa de ter recebido os novos bilhetes postais simples de $48 e $96, e bilhetes postais com resposta paga de $48+$48 e com sobretaxa de $96+$96 sobre $60+$60. A mesma Ordem determina a data da sua entrada em circulação fixada a 1/5/1926.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ceres de 4 c. com sobretaxa de 50 c. (1923)

Selo tipo "Ceres" de 4 c., da emissão de 1921, com sobretaxa de 50 c. (Afinsa n. 247)

A impressão da sobretaxa foi determinada pela Portaria n. 387 de 21 de Março de 1923 para remediar à momentânea carência de selos da taxa de 50 c. devida ao atraso das novas remessas da Casa da Moeda.  A mesma portaria estabeleceu que a sobretaxa fosse imprimida, pela Imprensa Nacional em Lourenço Marques, sobre 500.000 selos de 4 c.
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Carta expedida de Macuse (Porto Bello) em Dezembro 1923 com destino à Suíça.
Franquia composta por um par de selos de 4 c. com sobretaxa de 50 c. a pagamento do porte simples para uma carta com peso até 20 g com destino ao estrangeiro (porte em vigor de 15/4/23 a 1/6/24).

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A cobrança dos portes para a correspondência expedida por via aérea (1932-1939)

Até não assumir a forma definida na Instrução 3/1 de 28/2/1938 da Repartição Técnica dos Correios e Telégrafos de Lourenço Marques, entrada em vigor a partir de 14/3/1938, os correios de Moçambique tem adoptado, desde a formalização do serviço de transporte da correspondência por via aérea, diferentes modalidades de cobrança dos portes.
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Num primeiro período que vai de 16/7/1932 (data da Portaria 1.713 que de facto estabelece as primeiras regras para o serviço de correio aéreo) a 18/7/1937 (data de entrada em vigor das Instrução 16/8 de 8/7/1937) o valor a ser pago pelo expedidor era rigidamente separado entre porte normal (correspondente à tabela em vigor para a correspondência a ser transportada por via superfície) e sobretaxa aérea. A razão disso era que o serviço aéreo não era prestado pela Administração Postal de Moçambique mas por outras Administrações às quais iam de direito todos os valores cobrados das sobretaxas (Art. 3° da Portaria 1.713:  “A importancia da sobretaxa especial será paga adiantadamente nas estações postais e cobrada como rendimento postal pertencentes a outras Administrações”).

Pela mesma razão, devendo acertar contas com Administrações estrangeiras, preferiu-se estabelecer o valor da sobretaxa em franco-ouro, a moeda de referência adoptada pela UPU, devendo o expedidor pagar em escudo ao câmbio estabelecido pelos correios  (Art 4  da portaria 1.713: “As sobretaxas especiais serao incluidas na tabela respectiva pelo seu valor em francos ouro, cujo equivalente em escudos será notificado ao publico pela Direcção dos Serviços dos Correios e Telégrafos”).

Porte e sobretaxa são também diferenciados ao franquear as cartas. O porte é pago mediante selos e a sobretaxa é paga em numerário em escudos, sendo o pagamento testemunhado pela etiqueta azul M/13 com o valor manuscrito em francos-ouro.

Tendo em conta as tabelas de portes em vigor no período de referência,
Destino
Primeiro porte carta simples
Interior
$50 até 28/3/1934
$80 depois 28/3/1934

África do Sul
$90 até 1/4/1936 
$80 depois 1/4/1936

Portugal
$80


Estrangeiro
1$40 até 21/2/1934
1$65 até 12/9/1934
1$75 depois 12/9/1934
podemos decompor o porte pago por exemplo para a expedição da carta seguinte (colecção Altino Pinto, foto publicada no Boletim do CFP de Junho 2009):

Carta registada com peso de 7 g expedida de Tete para Paris no dia 13/8/1934.
Franquia de 3$00 e etiqueta M/13 com valor manuscrito de 1,47 francos-ouro.

Porte
Porte de uma carta até 20 g para o estrangeiro = 1$65
Prémio de registo: 1$30
Total porte: 2$95 arredondado a 3$00 pagos em selos
Sobretaxa
Sobretaxa segundo tabela de 1,47 francos-ouro por cada 15 g para uma carta expedida para países da Europa e transportada por aviões da linha aérea Tananarive-Broken Hill (OdS de 2/8/1934). Paga em númerario ao cambio comunicado pela direcção dos Correios. Se, por exemplo, o cambio tivesse sido de 3$00 por 1 franco-ouro, o remetente teria pago 4$41, arredondado para 4$50 segundo quanto previsto a partir de 2/8/1934, data da OdS  148/40 na qual vem especificado que:  “... os centavos serão sempre arredondados para mais e em dezenas, isto é, não sao admitidas fracções de $10, $20, $30, etc.

Mais um exemplo (ex colecção Manuel de Sousa – desconheço o actual proprietário):

Carta registada com peso de 10 g expedida de Mossuril para Portugal em 9/12/35.
Franquia de 1$20 e etiqueta M/13 com valor manuscrito de 0,98 francos ouro.

Porte
Porte de uma carta até 20 g para Portugal = $80
Prémio de registo: $40
Total porte: 1$20 pagos em selos
Sobretaxa 
Sobretaxa segundo tabela  de 0,49 francos ouro por cada 5 g para uma carta expedida para países da Europa e transportada por aviões da linha aérea Tananarive-Broken Hill (Instrução 6 de 7/2/35 entrada em vigor em 1/3/35).
Sobretaxa paga: 0,49 x 2 (sendo o peso de 10 g) = 0,98 francos-ouros pagos em numerário ao cambio comunicado pela direcção dos Correios.
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Num segundo período, de 18/7/1937 data de entrada em vigor das Instrução 16/8 de 8/7/1937, até 14/3/1938. data de entrada em vigor da Instrução 3/1 de 28/2/1938, o porte da correspondência é cobrado como se fosse um porte único, indiferenciado ou parcialmente indiferenciado entre porte simples e sobretaxa aérea.
O expedidor paga em numerário e em escudos o valor total estabelecido nas tabelas (já expressas unicamente em escudos) para o envio de cartas até 5 g ou por cada 5 g a mais até 20 g, ou por cada 5 g, dependendo das instruções.  O valor total  pago é transcrito na etiqueta M/13 e no sobrescrito não é afixo qualquer selo postal. Para este fim foram aprontadas novas etiquetas com a indicação da moeda em escudos. Continuou contudo a ser frequente o uso das etiquetas anteriores devendo interpretar a importancia manuscrita como em escudos e não em francos-ouro.
Para cartas com peso superior a 20 g e outras taxas aplicava-se a tabela em vigor dos portes da correspondência normal, para além de quanto previsto.

Como exemplo podemos ver esta carta (vendida no Ebay):
Carta registada com peso (suposto) entre 10 e 15 g  expedida
de Lourenço Marques para India (via Karachi) em 27/12/1937.
Etiqueta M/13 com valor manuscrito de 10$00.

Porte e sobretaxa
Importância a pagar pelos primeiros 5 g = 4$00 (Instrução 22/9 de 30/8/37 entrada em vigor em 10/9/37)
Importância a pagar por cada 5 g adicional = 2$00 x 2 = 4$00
Prémio de registo: 2$00
Total porte e sobretaxa:10$00 pagos em numerário.
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A partir de 14/3/1938, data de entrada em vigor da Instrução 3/1 de 28/2/1938, o porte e a sobretaxa são pagas em escudos  exclusivamente com selos, determinando assim o desaparecimento das etiquetas M/13.
Portes e sobretaxas nas tabelas voltam a estar diferenciados. O porte simples, porém, já não corresponde à tabela em vigor para a correspondência enviada por via de superfície mas é, independentemente do destino, fixada em  $80 até 20 g e $50 por cada 20 g ou fracção a mais. O único país que se diferencia são os Estados Unidos para os quais é como se restasse em vigor a tabela normal, prevendo assim 1$75 até 20 g e 1$00 por cada 20 g ou fracção a mais.

Podemos ver como exemplo a carta a seguir:


Carta registada com peso (suposto) entre 10 e 15 g expedida
de Vila Cabral para Suíça em Junho 1939. Franquia de 9$40.

Porte
Porte de uma carta até 20 g = $80 (Instrução 3/1 de 26/2/38 em vigor desde 14/3/1938)
Prémio de registo: 2$00
Total porte: 2$80 pagos em selos
Sobretaxa
Sobretaxa segundo tabela:  2$20  por cada 5 g para uma carta expedida para Suíça (Instrução 3/1 de 26/2/38 em vigor desde 14/3/1938).
Total sobretaxa paga: 2$20 x 3 (sendo o peso entre 10 g e 15 g) = 6$60

Total da franquia: 9$40.

domingo, 29 de agosto de 2010

"SOS" (Stamps On Stamps) de Moçambique

O selo n. 1 de Moçambique (5 réis tipo "Coroa" de 1876) é o selo mais vezes "filatelizado", sendo motivo principal nas emissões de 1976 e 1996.

1976 - Centenário do Selo Postal

1996 - 120 Anos do Selo Postal

Em 1978, em ocasião da Exposição Internacional de Filatelia "Capex ´78", o selo n. 1 de Moçambique é associado ao n. 1 do Canada (1851) ...

1978 - Capex ´78

... e em 1990, no bloco comemorativo da Exposição Mundial de Filatelia "London '90" é figurado juntamente ao "Penny Black" de 1840 da Grã Bretanha.

1990 - Exposição Mundial de Filatelia "London '90"

Os restantes SOS:

1953 - Exposição Filatélica de Lourenço Marques
Nos dois selos figuram bem 9 selos:
1853 - Portugal - D.Maria II (25 réis)
1948 - Moçambique - "Catedral de Lourenço Marques"
1948/49 - Moçambique - "Motivos locais" (15$00)
1948 - Moçambique - "Nossa Senhora de Fátima" ($50)
1949 - Moçambique - Selo comemorativo do 75º Aniversário da União Postal Universal
1950 - Moçambique - "Ano Santo" (1$50)
1951 - Moçambique - "Peixes de Moçambique" ($50)
1952 - Moçambique - Selo comemorativo do IV Congresso do Turismo Africano
1953 - Moçambique - "Borboletas de Moçambique" ($50)


1953 - Centenário do Selo Postal Português
1853 - Portugal - D.Maria II (5 réis)


1978 - Exposição Mundial de Selos Postais "Praga '78" (selo e bloco)
1919 - Checoslováquia - Aniversário da Independência (50 h.)

1985 - Dia do Selo
Taxa de 1 MT: 1918 - Companhia de Moçambique - Motivos locais (10 c.)
Taxa de 4 MT: 1911 - Companhia do Niassa - Motivos diversos com sobrecarga "REPUBLICA" (25 r.)
Taxa de 8 MT: 1918 - Companhia de Moçambique - Motivos locais (½ c.)
Taxa de 16 MT: 1924 - Companhia do Niassa - Selo de porteado (1 c.)

Por última, por precisar de mais comentários, deixei a série emitida em 1984:

1984 - Dia do Selo - Carimbos de Moçambique
Taxa de 4 MT: Moçambique - Bilhete Postal de 20 r.
Taxa de 8 MT: 1898/1901 - Zambézia (presumivelmente) - D.Carlos I (15 r.)
Taxa de 12 MT: 1935 - Companhia de Moçambique - Correio aéreo (20 c.)
Taxa de 16 MT: 1937 - Companhia de Moçambique - Motivos locais (2 Esc.)

Além de estar muito mal desenhados, os motivos destes selos apresentam alguns erros:
O carimbo de Barue que ilustra o selo da taxa de 4 MT não é fiel ao original tendo sido inexplicavelmente acrescentada a inexistente legenda "COMP. DE MOÇAMBIQUE".


(Foto de um Leilão do Clube Filatélico de Portugal)

Na taxa de 8 MT, no selo D.Carlos I de 15 r. é omissa a legenda que identifica o distrito.
Na taxa de 12 MT, o selo escolhido foi pelo menos inapropriado: um selo de Correio Aéreo obliterado por uma marca marítima.

O selo de 16 MT foi novamente posto em circulação em 1998 (?) com a sobretaxa de 10.000 MT.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Mapa da Ilha de Moçambique em selo

Em 1969 foi emitida uma série de 5 selos comemorativos do IV Centenário de Camões na Ilha de Moçambique. O motivo da taxa de 1$50 é um antigo mapa da Ilha, adaptado porém às pequenas dimensões do selo. 


O mapa original foi publicado em Itinerarium de Jan Huygen van Linschoten (Amsterdão 1596).

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Coleópteros (1978) - Legendas deslocadas

Taxa de 3,00 MT da série "Coleópteros" de 1978 com deslocação das legendas a vermelho e preto.


As chapas litográficas das legendas eram separadas das do desenho não afectado por qualquer deslocação. A entidade da deslocação pode ser avaliada pelas linhas imprimidas na margem e por comparação com um exemplar normal.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

War Economy Label

Devido à escassez de papel, durante a II Guerra Mundial, incentivava-se a sua poupança e reciclagem. Exemplo disso eram as "War Economy Labels" que permitiam a reutilização dos envelopes recebidos pelo correio. É o que aconteceu com esta carta (vendida num leilão Ebay e do qual guardei as imagens) numa  troca de correspondência entre agências da Barclays Bank sul-africanas e de Beira.


Carta enviada da Beira em 14/7/1942 para Pretoria, correctamente franqueada por 80 c., cujo sobrescrito foi reutilizado mediante a colagem de uma etiqueta por cima do endereço anterior. O mesmo envelope foi utilizado por 3 expedições: uma primeira vez foi provavelmente enviado de Johannesburg para o Cabo (de Johannesburg é o carimbo de borracha aposto no verso, e "Cape" está escrito, e sucessivamente riscado, directamente no envelope, sendo evidentemente este o seu primeiro destino); uma segunda vez foi enviado, colando uma War Economy Label, do Cabo para Beira (é visível em transparência o acrónimo P.E.A, além da franquia mecânica aposta na origem) tendo chegado a esta cidade no dia 30 MAR 1942 (marca de chegada no verso); o envelope foi finalmente utilizado pela terceira e ultima vez, colando mais uma War Economy Label para ser expedido de Beira para Pretoria.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O Concelho Municipal de Lourenço Marques ... e Maputo

Ante-projecto do edifício dos Paços do Concelho de Lourenço Marques

("Moçambique - documentário trimestral", n. 34, Junho 1943)

O palácio do Concelho Municipal foi motivo do selo da taxa de 20$00 da série comemorativa do IV Centenário de Lourenço Marques emitida em Dezembro de 1944. Desenhados por Alberto de Sousa, os selos foram litografados em folhas de 100 pela Litografia Nacional do Porto. Foram retirado da circulação em 1 de Março 1955.


 O mesmo selo foi emitido novamente em 2 de Novembro 1946 mas com sobretaxa de 2$00.


Após a Independência o edifício do Concelho Municipal, com o grande retrato do Presidente Samora Machel, foi "filatelizado" apenas no bilhete postal de 16 MT emitido, juntamente a outros oito postais, em 1982 em ocasião do Dia das Nacionalizações (24 de Julho).



sábado, 10 de julho de 2010

Marca obliteradora do Comando Militar do Aruângua

Luís Frazão no artigo "A marca postal do Comando Militar do Aruângua - Os primórdios do correio na Beira" (Boletim do Clube Filatélico de Portugal n. 414) demonstra como o carimbo mudo circular e com três barras foi utilizado como obliterador na correspondência entregue, para a transmissão, ao Comando de Aruângua, cuja instalação, datada 1887, progrediu até formar a vila de Beira, futura capital dos Territórios de Manica e Sofala governados,durante 50 anos a partir de 1892, pela Companhia de Moçambique.

Carimbo mudo circular com três barras atribuído ao Comando Militar de Aruângua

A prova, que levou Luís Brito Frazão a descartar a inicial hipótese que o carimbo pertencesse a Macequece, é uma carta destinada a Estremoz, franqueada com um selo de 50 réis obliterado com a marca muda. Na carta foi aposta, além da marca de trânsito de Chiloane de 7/6/1890, a marca do Comando Militar, identificando assim a sua origem postal.

O selo a seguir pode porém dalguma forma contradizer esta conclusão, apesar de não ser obviamente determinante.


A marca, em tinta violeta, da mesma cor do selo, é pouco visível, mas uma simples alteração, feita ao computador, da luminosidade e do contraste da imagem, permite identificar melhor quase todas as letras da legenda inscrita no elipse de linhas duplas: _RUAN_U_. Confrontando a marca (curva do elipse e simetria) com a que foi batida na carta que ilustra o artigo de Luís Frazão, não há qualquer dúvida, é a marca do Comando Militar de Aruângua.


Luís Frazão num outro interessante artigo ("Sobre a utilização postal de marcas administrativas no ultramar, em finais do século XIX" - Boletim do Clube Filatélico n. 408) propõe duas hipóteses a justificar a existência de selos postais obliterados com carimbos administrativos (militares, alfandegários ou da Administração Civil):

1 - Utilização sistemática durante um período limitado no tempo, enquanto se aguardava o envio da competente marca postal.
2 - Utilização pontual por motivos que se desconhecem, mas que terão a ver com a impossibilidade de utilizar uma marca postal.

Aparentemente está excluído o uso de selos postais para fins fiscais, pelo que se apresentam três opções que justificam a obliteração do selo aqui mostrado:

1 - O Comando militar ainda estava desprovido de carimbo postal tendo utilizado o carimbo administrativo até receber o carimbo mudo. 
2 -  Por motivo que desconhecemos, o carimbo administrativo foi ocasionalmente utilizado no lugar do carimbo mudo.
3 - O Comando Militar de Aruângua não dispunha de carimbo postal (carimbo mudo) e a carta para Estremoz foi enviada a partir de uma outra localidade.

A terceira hipótese obriga a uma analise mais atenta da carta em questão no que concerne a cor e a qualidade da tinta do carimbo mudo comparadas com as do carimbo militar.

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Nota: 
O artigo "A marca postal do Comando Militar do Aruângua - Os primórdios do correio na Beira"de Luís Frazão pode ser lido na versão online do Clube Filatélico de Portugal ao seguinte endereço (o acesso é porém restrito aos sócios do Clube): http://www.cfportugal.pt/index.php?option=com_content&view=category&id=30:boletim-no-414&Itemid=42&layout=default
O artigo "Sobre a utilização postal de marcas administrativas no ultramar, em finais do século XIX" do mesmo Autor é acessível ao endereço http://www.cfportugal.pt/index.php?option=com_content&view=category&id=24:boletim-no-408&Itemid=15&layout=default

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Variedade no selo "Victor Cordon" (Af. 382)

Variedade conhecida mas não catalogada do selo de 5$ comemorativo do centenário do nascimento de Victor Cordon emitido em 1951 (Afinsa n. 382 ).


Ponto a juntar os dois traços do "5"

História de Cabo Delgado e do Niassa (c. 1836-1929)



Autor: Eduardo da Conceição Medeiros
Título: História de Cabo Delgado e do Niassa (c. 1836-1929)
Patrocínio: Cooperação Suíça, Maputo 1997
Páginas: 252

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Miranda/Macaloge e Olivença/Lupilichi/Matchedje (Niassa)

Pequeno contributo ao artigo "República de Moçambique - As alterações toponímicas e os carimbos dos correios - XXI - Diversas mudanças toponímicas e muitas dúvidas" de Jorge Luís Fernandes.

O Decreto-Lei n. 10/76 de 13/3/1976 determinou a mudança de numerosos topónimos usado no período colonial, entre os quais os das localidades de MIRANDA (assim denominada nos meados dos anos '60) que passou a denominar-se MACALOGE (seu antigo nome), e OLIVENÇA que passou a ser chamada LUPILICHI, ambas localizadas na actual Província do Niassa.

A confirmar que a mudança de nome da ETP de Miranda, além da etiqueta de registo da carta que ilustra o artigo de Jorge Luís Fernandes, posso mostrar uma marca postal de Macaloge datada Fevereiro 1984.


Macaloge, sede do homónimo Posto Administrativo (ca. 6.700 habitantes em 2005), situa-se no Distrito de Sanga, a NW da Provincia de Niassa.

 Mapa da Província de Niassa com assinaladas Macaloge (vermelho) e Matchedje (verde)

Confrontando este mapa com o publicado juntamente ao artigo de J.L.Fernandes, nota-se como a posição geográfica de MATCHEDJE corresponda com boa aproximação à de Olivença. É bem provável portanto que Olivença tenha na realidade, e apesar do Decreto-Lei, assumido este novo topónimo e não Lupilichi. É também possível que Lupilichi seja uma deformação de Lipuche, cuja localização (mesma latitude mas próxima ao lago Niassa) pode ter dado origem ao equivoco.

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Jorge Luís Fernandes, "República de Moçambique - As alterações toponímicas e os carimbos dos correios - XXI - Diversas mudanças toponímicas e muitas dúvidas" (A Filatelia Portuguesa, n. 106, Maio 2002)

Ministério da Administração Estatal, "Perfil do Distrito de Sanga, Província de Niassa" (2005)

sábado, 19 de junho de 2010

"Ponto maior" nos selos de "Assistência pública" de 1929/40

Citada no catálogo Simões Ferreira, a variedade "Ponto maior" encontra-se na posição 45 da folha de 50 selos.

40 c. ultramar e castanho vermelho

40 c. carmim e violeta

Detalhe da variedade

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sobrecarga "REPUBLICA" local falsa ou clandestina?

Em 1917 foi impressa localmente a sobrecarga "REPUBLICA" sobre 12 selos tipo "Mouchon" do distrito de Moçambique, restos das emissões de 1898/01 e 1903. O selo da taxa de 10 réis verde/verde amarelo não está catalogado como tendo sido sobrecarregado.


A incongruência é ainda maior observando o ano do carimbo: 1914, 3 anos antes da emissão oficial! A sobrecarga é portanto certamente falsa ... ou será clandestina?

O confronto com a sobrecarga, que acho genuína, de um outro selo  não mostra diferenças substanciais, tirando as que geralmente podem acontecer numa impressão tipográfica.


Determinar se a sobrecarga está por baixo ou por cima do carimbo é muito difícil mas, se tivesse que escolher entra as duas opções, diria que o carimbo está por cima da sobrecarga porque, observando o selo sob luz rasante, o brilho da tinta vermelha parece interromper-se nos poucos pontos onde carimbo e sobrecarga se sobrepõem. Se for assim é provável que a data do carimbo corresponda à data de aposição (não teria muito sentido, em anos diferentes, recuar o datador) o que leva a crer que a impressão possa ser de facto de 1914, ano de emissão, segundo os catálogos Simões e Ferreira e Afinsa, dos primeiros selos com este tipo de sobrecarga dos distritos de Inhambane, Lourenço Marques e Zambézia. É nesta ocasião que provavelmente alguém pensou bem de "emitir" por própria conta pelo menos uma folha (a impressão em exemplares soltos ou múltiplos é complicada e a taxa - 10 réis - era suficientemente baixa para utilizar uma inteira folha de 28 selos) obliterando-a logo a seguir, pois é muito provável que o carimbo seja de favor e que não se trate de um selo regularmente circulado.
O carimbo - infelizmente desconhece-se a localidade - é do subtipo M5.3 segundo a classificação de Altino Silva Pinto em "Marcofilia de Moçambique - 1875/1975". Na mesma obra Altino Pinto publica a lista das estações que usaram este carimbo. É possível que a lista não seja completa, mas é bastante indicativo que as estações representadas pertencem exclusivamente aos distritos de Lourenço Marques, Gaza, Inhambane e Tete. Não há nenhuma estação do distrito de Moçambique onde eventualmente o selo podia ter circulado (é sempre possível que se trate de um carimbo de trânsito ou de chegada mas seria acrescentar mais um pormenor sem prova aos muitos que já há), uma vez que somente em 1915 (Portaria 51 de 21/1/1915) foi autorizada a circulação em toda a colónia de qualquer selo, indistintamente da sua legenda. Este pormenor reforça a ideia que o carimbo seja de favor e que consequentemente a sobrecarga tenha sido impressa sem autorização com a chapa de impressão original.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

30º Aniversário das Linhas Aéreas de Moçambique

Taxas: 8,00 MT - 20,00 MT - 33.00 MT
Data de emissão: 14/04/2010
Tiragem: 45.000 séries
Perfuração: 12
Impressão: offset

domingo, 30 de maio de 2010

Ponta Vermelha - Carimbo não catalogado

Carimbo da estação postal da Ponta Vermelha (Lourenço Marques) não catalogado em "Marcofilia de Moçambique - 1875/1975" de Altino Silva Pinto.

Carimbo de duplo circulo completo com diâmetro exterior de 33 mm (estimado) e interior de 21 mm. Legenda superior "CORREIOS DE LOURENÇO MARQUES" e legenda inferior "PONTA VERMELHA" (ambas com 3 mm de altura) separadas por um ponto.
Ponte central formada por duas linhas distantes 8 mm e grupo datador constituído por dia (numerais) e mês (3 letras) separados por um ponto. Ano desconhecido.
O ano mais recente de uso do carimbo é 1903 ou posterior (1903 é o ano de emissão da segunda série D. Carlos-Mouchon).


A morfologia e o tipo de legenda do carimbo são parecidos ao carimbo do "CORREIOS DA ZAMBEZIA" (Tipo II - Subtipo A.4) usado em Chinde entre 1906 e 1912 (datas conhecidas).

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Eduardo Chivambo Mondlane (2)

Na primeira mensagem sobre esta emissão referi-me ao erro que ocorreu na composição da folha, erro que inevitavelmente ia provocar um progressivo descentramento e uma inutilização de parte das folhas. Os Correios de Moçambique procuraram reduzir o prejuízo distribuindo às estações postais também os selos com um descentramento ainda aceitável, ou recorrendo a um escamotage para os selos com um descentramento mais acentuado.


Bloco de 10 à venda nas estações postais de Maputo com uma falsa margem superior. A margem é na realidade parte dos selos superiores, suficiente para a taxa ser visível por completo.

domingo, 11 de abril de 2010

Taxa de Guerra - variedade «1910»

Das variedades conhecidas das legendas do selo de 5 c. de Taxa de Guerra de 1918, a menos comum é a variedade (retoque) «1910» no lugar de «1916». Segundo Carlos George ("Reimpressões de vários artigos sobre selos de portugal e Colónias" - 1944) o erro se deveu ao retoque de um "6" em muito mau estado. O opérario da casa impressora encarregue do retoque foi porém enganado pelo "1910" da legenda superior e achou que em baixo tinha que ser gravado o mesmo ano.

Taxa de Guerra de 5 c. com sobretaxa de 1½ c., emitido em Agosto 1920
Detalhe comparado com um selo normal (em cima)


Há outros exemplares com um "6" mal feito que pode parecer um "0" sem ser porém a variedade "1910".

Taxa de Guerra de 5 c. com sobretaxa de 2½ c., emitido em Maio 1918